"Filipe achou Nathanael, e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José. Disse-lhe Nathanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem, e vê. Jesus viu Nathanael vir ter com ele, e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo. Disse-lhe Nathanael: De onde me conheces tu? Jesus respondeu, e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu, estando tu debaixo da figueira. Nathanael respondeu, e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus; tu és o Rei de Israel.." (João 1:45-51)
A pergunta que Nathanael fez, como relata esse texto das escrituras acima, nada mais é do que o retrato perfeito do preconceito que Jesus sofreu, ante à sua linhagem. Nessa frase, a palavra COISA, deu um tom de desprezo ainda maior!
Imagino como Jesus se sentiu em meio a essa situação! Mas como Ele sabia quem era, não seria o preconceito, o desprezo, que iriam mudar isso.
Bem; gostar-me-ia de mudar sim as coisas! Mas tem coisas que não se mudam, mas podem ser ensinadas! E parafraseando uma citação de Jesus, digo: Quem tem olhos pra ler que lêem, e mente para entender que entendam e tenham humildade para mudar que mudem!
Querem nos anular, nos tirar de cena, da vida! Querem nos levar ao poço dos sentimentos mais frios, mais gélidos que podem existir...
Triste é o cantar dos pássaros neste inverno, triste é o romper da aurora nessa madrugada! Sobrevivemos a tantas coisas... Tantos preconceitos!
Mas que sentimento é esse capaz de imobilizar bailarinos, poetas, artistas...? Que sentimento é esse capaz de inutilizar a alma? Um sorriso de uma criança, a alegria do mar e o nadar dos peixes em suas doces manobras?
A vida e os homens são “surpreendentes!” Só enxergam o envolto, a casca, o cheiro do ter, poder e ver!
Seria tão bom se enxergássemos a pérola que está dentro da ostra, e não apenas a ostra! Seria tão bom se enxergássemos o ouro que se esconde atrás de uma camada tosca e fosca, um diamante mesmo antes de ser lapidado! Ah... seria tão bom...Mas só os sábios, peritos no assunto conseguem enxergar! Quisera eu, que todos fôssemos peritos! Jesus, uma pérola, mas muitos só enxergaram a ostra que o envolvia...
Quantas pérolas, quantos ouros e quantos diamantes têm-se jogado fora por ignorar a sua forma de ser... Porque somos limitados a ver só o que nos enchem os olhos num primeiro olhar!
Quisera eu pudesse fazer a humanidade entender que pode sim, vir alguma coisa boa de Nazaré! Tanto que de lá veio a nossa salvação!
O mesmo sentimento que habitava em Nathanael ao fazer essa pergunta, é o mesmo que habita nas pessoas hoje. Nada mudou! O mesmo preconceito, o mesmo orgulho do “se achar”, já naquela época não era diferente! Afinal, Nazaré tinha se tornado pobre, pessoas humildes e quase sem cultura habitavam ali. Daí a surpresa de Nathanael ao fazer essa pergunta. Mas quando ele se aproximou de Jesus, uma surpresa maior e maravilhosa o desnorteou! Jesus era o Rei! Agora ele comprovara que podia sim, vir alguma coisa boa de Nazaré! Mas para que essa descoberta se desse Deus usou Filipe para faze-lo aproximar-se dEle! E Jesus desmonta-o com apenas uma única frase:"Eis aqui um verdadeiro Israelita, em quem não há dolo!" Aqui Jesus cumpre o que ensinou no sermão do monte: "Bendizei os que vos maldizem!" Peçamos a Jesus essa Graça!
Ó cegos mortais, lavais os vossos olhos, a vossa alma e não limite-se ao brilho das estrelas Dalva... Não limite-se apenas a concha de uma ostra, pois você pode perder uma pérola! Não limite-se a sua míope visão, ao bibelô do seu preconceito, mas vença-o como fez Natanael, e aproxime-se da sua “salvação”!
Sei que não tenho poder algum para mudar nada, mas posso ao menos tentar mostrar.
A riqueza é a sabedoria e o amor que cada um traz dentro de si!
Nazaré pode não ter sido um lugar de status, Nazaré pode não ter sido um lugar que enchesse os olhos das pessoas... Talvez um lugar repugnante para aqueles que só enxergavam a si mesmo e o seu orgulho mesquinho!
Mas foi de lá, que veio a salvação para o mundo! E de lá também que pode vir a sua!
Agora entendo melhor porque muitos estão distantes. São os “Judeus” da vida! Ainda esperam o seu “Rei” porque até hoje pensam que “Ele” não pode ter vindo da simples Nazaré! Eles não enxergam! São algozes do “pobre” poder!
Devemos rever nossos conceitos e preconceitos. Será que cremos mesmo que Jesus de Nazaré é o filho de Deus? Olha, Ele nasceu numa estrebaria e foi criado por um carpinteiro, e sua mãe era uma mulher muito simples. Ah! E entrou em Jerusalém montado num jumentinho! É! Um jumentinho! Será que nos orgulharíamos de tê-lo ao nosso lado? O acolheríamos no seio de nossas famílias e amigos? Mas veja bem, Ele não tinha nem onde reclinar a cabeça! Ele não tinha um carro importado, do ano! Ele não tinha nada humanamente falando! Ah, e até o jumentinho fora emprestado! Que status Ele nos daria? Com certeza também teríamos vergonha dele! E talvez déssemos um jeitinho para nos afastarmos! Mas Ele com amor eterno nos amou e nos atraiu ( Jer. 31.3 )
Agora entendo melhor porque Jesus tinha que vir dessa maneira! Que lição o Rei quis nos dar! Só agora entendo que Ele quis com isso também nos consolar! E o que realmente importa não é se somos daqui ou de lá, mas o que somos, e o que podemos dar!
E lembremos que se Nathanael não tivesse dado ouvido ao sábio conselho de Filipe:"Vem e vê!", seria o único perdedor dessa história!
E que não nos privemos de aproximar-nos de um simples “nazareno”, pois podemos estar na presença de "um rei”...
SIM, PODE VIR ALGO MARAVILHOSO DE “NAZARÉ!”
Benilda Lopes Rocha
